O final de uma etapa

Ontem terminei o curso de francês, que iniciei no início de Setembro. Era suposto tê-lo frequentado apenas um mês, mas... um marido persistente pode muito! Tenho de dar-lhe razão, de qualquer modo: é verdade que teria sido pena não aproveitar um pouco mais a qualidade do ensino e o convívio diário com a língua e com pessoas fantásticas.

Mas ontem chegou, enfim, o último dia. No final desta minha última sessão, a 'Guria de Porto Alegre' e a 'Multifacetada Russa' convidaram-me para um almoço de despedida destes últimos tempos em que desfrutámos de um convívio diário.

Família, amigos e mar

Costumava dizer-se que Portugal era o país dos três f's... mas, se falamos dos f's de Portugal, eu guardo apenas um: o de família; e este não constava da lista original.
De resto, para mim, Portugal é o país dos 'a' de amigos e abraços, dos 'b' de bom tempo, dos 'c' de confeitarias e cafés, dos 'd' de dias longos, dos 'e' de emoções, dos 'g' de gente boa, dos 'h' de harmonia e hospitalidade, dos 'j' de jantaradas, dos 'l' de luares, dos 'm' de mar, dos 'p' de praia e primos, dos 'r' de risos e reencontros, dos 's' de saudade, sol e sobrinhos, dos 't' de tios e Tuna...

Almoços em português

Descobri o restaurante L'Auberge St. Séverin em Agosto do ano passado, com uma grande amiga, que veio até Paris passear com a mãe e visitar-nos.

Fiquei fã do ambiente pitoresco, da simpatia dos empregados e da comida tipicamente francesa e extremamente bem confecionada.

Domingo preenchido

Ontem foi um dia cheio! Mas não de trabalho ou cansaço; preocupações ou quebra-cabeças. Foi um dia repleto de sorrisos e gargalhadas; de convívio e de carinho; de momentos em família.

O dia começou cedo, entre arrumações, cozinhados e brincadeiras com os dois felinos cá de casa. Passei a adorar domingos, desde que conheci o meu marido. Até então, domingo era sinónimo de um dia não muito divertido (e até um pouco depressivo), antes da fatídica segunda-feira. Depois, domingo passou a ser sinónimo de acordar sem despertador, ficar na cama a conversar e a rir, tomar um mega pequeno-almoço e fazer maratonas de cinema ou passear a tarde toda e acabar a jantar num qualquer restaurante deserto, porque mais ninguém janta fora ao domingo. O domingo passou a ser um dia de estimação, em que acordo sempre particularmente bem disposta!

Sushi à emporter

Sushi é algo que nos faz sempre crescer água na boca! Em Portugal, o nosso restaurante preferido era o Sakura, na Rua Sousa Aroso, em Matosinhos.

Descobri-o, por acaso, ainda antes de nos conhecermos, com aquela que viria a ser a minha imigrante preferida nos E.U.A. Nessa altura, não gostava de sushi! Mas gostava (como hoje) imenso dela, por isso, não me custava acompanhá-la. O Sakura acabou por se tornar um local de eleição, onde ela matava as saudades do sushi e eu dela! Lembro-me de jantares intermináveis, acompanhados de longas conversas, partilhas pessoais, risos e até algumas lágrimas, que chegavam mais facilmente com a presença da maravilhosa sangria de vinho branco!
Foi com ela que comecei a tentar gostar de sushi e, ainda hoje, o sabor traz-me sempre memórias doces e muitas saudades do tempo em que bastava um telefonema para tê-la por perto!

Almoço internacional

Há um lugar encantador, entre a Rue des Francs Bourgeois e a Rue des Hospitalières St. Gervais, no Marais, que se chama Le Voltigeur.

Até hoje, nunca tinha ouvido falar e não me recordava de ter visto este pequeno refúgio, mesmo sendo certo que já cruzei estas ruas uma mão cheia de vezes.

As tardes com a 'Guria de Porto Alegre'

Quando mudamos de país, não sabemos quem nem o que vamos encontrar. Todo o futuro se resume a um enorme ponto de interrogação; a um caderno de páginas brancas, que devemos preencher, mas ainda não sabemos bem como.

É difícil chegar a um lugar onde tudo nos é estranho e onde não temos um abraço amigo à nossa espera. Durante as primeiras semanas em Paris, fui-me convencendo de que seria realmente difícil criar laços, numa idade em que já toda a gente tem os seus bastante delineados.

Depois conheci a 'Guria de Porto Alegre'. Sorriso aberto no rosto, ar trocista e descontraído, sentido de humor bem apurado. Era apenas mais uma pessoa simpática, entre um grupo de estrangeiros que se esforça por aprender a língua francesa e integrar-se numa sociedade demasiado fechada.

Tardes de Turista

 Queria visitar o Museu d'Orsay desde que vim a Paris pela primeira vez: ficava fascinada sempre que me diziam que, em tempos, foi uma estação de comboios; e não uma estação qualquer, mas aquela cuja parede foi atravessada por uma locomotiva, no século XIX. Há que admitir: é algo bastante fora do comum, que ficou marcado na história.

Celebrating...

Ontem foi dia de festejarmos o nosso casamento.

Soirée Internacional

Para quem, como nós, está fora das suas raízes, fazer novos conhecimentos e amizades torna-se imperativo. Não só porque é sempre bom alargar horizontes e tomar contacto com novas culturas, mas também para o bem da sanidade mental!

Mais uma emigrante...

Nunca fui muito de blogues ou de partilhas online e, estranhamente, continuo a considerar que não sou. No entanto, quando nos faltam o país, a família e os amigos, há qualquer coisa que nos faz ter vontade de partilhar mais do que teríamos gostado noutra altura. E aqui estou eu... a partilhar.

Nos tempos que correm, Portugal transforma-se num país fantasma, onde as famílias se veem obrigadas a dizer adeus aos seus filhos e a seguir a sua vida com a saudade no coração. Os meus pais não foram exceção.