sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Soirée Noël

Com a aproximação das festas de fim de ano, chegam também as combinações dos tradicionais jantares de Natal: entre amigos, família, colegas de trabalho ou até de escola, quase todos anotamos na nossa agenda, por esta altura, pelo menos um jantar para assinalar a época natalícia.

Conheci esta tradição em Portugal e pu-la em prática durante anos, com variadíssimas pessoas que foram cruzando o meu caminho. Mesmo agora, estando longe, encontro as próximas páginas da minha agenda repletas de pequenas anotações, que me dizem que vou mesmo conseguir ver quase todas as minhas pessoas, em pouco mais de uma semana, nos ditos jantares de Natal.

Entretanto, aqui em Paris, ontem foi dia de me estrear nos jantares de Natal lá do emprego. Honestamente, a vontade de me juntar ao serão com as mesmas caras com que me cruzo todo o santo dia a toda a santa hora não me convenceu de imediato; mas devo admitir que acabei por passar uma noite excecional.
Por aqui, as empresas têm o hábito de oferecer aos seus funcionários a refeição de Natal. A Diretora da escola onde trabalho, no entanto, foi mais longe: além do jantar, ofereceu a todos os professores, funcionários e respetivos cônjuges interessados bilhetes para uma peça de teatro.

Foi à porta do L'Européen, mesmo ao pé da Place Clichy, que nos encontrámos, às 19h, para assistirmos à peça Déshabillez Mots. Em palco, as fantásticas Flor Lurienne e Léonore Chaix, atrizes e autoras do sublime texto desta peça.
Com um humor refinado e inteligentíssimo, as duas comediantes viajam através das subtilezas da língua francesa, encarnando como personagens as próprias palavras e símbolos de pontuação. Estes encontram no palco de Déshabillez Mots a oportunidade de se explicarem, de se defenderem e de se expressarem, desmascarando ao mesmo tempo os crimes dos falantes contra a língua.

Francamente, um espetáculo pleno de imaginação e de inteligência, que teria sido lamentável perder. Obrigada à nossa Diretora, que, apesar de não ser gestora, conhece bem a regra básica que diz que funcionários felizes são mais produtivos. E leva-a bastante a sério.

Divertidos ainda a reproduzir partes do texto, dirigimo-nos ao restaurante marroquino Le Massyl, no n.° 3 da rue Papillon, reservado inteiramente para nós nessa noite.
No hall de entrada esperavam-nos alguns funcionários, com bebidas e entradas deliciosas. Quanto ao prato principal... obviamente,  couscous (os franceses têm uma fixação por este prato que me ultrapassa...)

Depois houve música, dança, conversas interessantes e boas gargalhadas.

Foi uma noite realmente agradável, entre pessoas que vou descobrindo e que me cativam significativamente mais do que a generalidade dos franceses.

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