Um destes dias, fomos encontrar-nos com a minha cunhada a Trinité para jantar. O combinado era ela pesquisar um restaurante japonês nas redondezas, já que andava a falar-nos há vários dias nas saudades que tinha de comida japonesa. No entanto, a memória fraca é comum na família e ela não foge à regra: não foi até nos ver chegar que se lembrou de que deveria ter procurado um restaurante.
Sem destino, fomos caminhando ao longo do Boulevard Haussman, na esperança de encontrar algum estabelecimento que nos convencesse. Restaurantes japoneses, nem vê-los; e, por algum motivo, todos os outros pareciam ter algo que não agradava a um dos três: ou o ambiente, ou a ementa, ou o aspeto da comida fizeram-nos continuar a caminhar até ao Boulevard Montmartre. Ao passarmos em frente da Passage Jouffroy, o meu marido sugeriu que entrássemos, mais para nos passearmos um pouco do que para procurar um restaurante.
A galeria, bem ao estilo parisiense, abre-se ao visitante com um teto de vidro deslumbrante e corredores estreitinhos, forrados de lojas coloridas com montras estrategicamente montadas para fazer crescer no cliente a sede do consumo.
Após termos percorrido mais de metade da galeria, encontrámo-nos em frente ao Buffet Bar, um pequeno restaurante rústico, cuja ementa consiste sobretudo em pratos de hambúrgueres. Pessoalmente, não sou a maior fã dessas sanduíches, sobretudo se forem confecionadas ao estilo McDonald's; e, como nunca se sabe o que se vai encontrar quando na ementa aparece a palavra "hambúrguer", por norma, não arrisco. Mas, desta vez, abri uma exceção, mais pelo cansaço da procura do que por qualquer outro motivo.
Sentados a uma pequena mesa para quatro pessoas, tentámos decidir-nos entre as variadíssimas opções. Vendo-nos tão indecisos, o funcionário do Buffet Bar, adornado de uma boina tipicamente francesa e de uns suspensórios totalmente fora de moda, perguntou-nos, com ar incrédulo, se não conhecíamos os hambúrgueres deles; ao receber um 'não' coletivo como resposta, garantiu-nos que eram os melhores hambúrgueres das redondezas e que íamos adorar.
Verdade seja dita, não nos mentiu. Os hambúrgueres do Buffet Bar quase não podem ser considerados fast-food. Servidos num prato largo, em pão de milho, são acompanhados de batatas douradas no forno e de um molho de três queijos, que remata o prato na perfeição!
É verdade que, de sushi a hambúrgueres, vai uma enorme distância! Mas talvez Paris estivesse a conspirar para que, nessa noite, encontrássemos este espaço pitoresco da Passage Jouffroy.
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