sexta-feira, 11 de julho de 2014

Férias!

No meio da sua inquestionável grandiosidade e beleza, Paris nem sempre é fácil! Há dias em que se sente como se ela nos puxasse para o fundo do Sena, só para ver se somos dignos de cá estar; se perdemos a respiração e nos deixamos ir, ou se nos erguemos e nadamos até à superfície. E nós lá vamos nadando, com a determinação e a força que temos, porque decidimos que, para já, o nosso lugar é aqui.
Mas às vezes é preciso parar; é preciso abandonar Paris e ir ver mais mundo, para que as forças sejam restabelecidas e para que possamos permitir-nos ter saudades de aqui estar.

Durante as últimas semanas, despedimo-nos de Paris, da nossa casa e da nossa gata (que confiámos temporariamente aos tios do meu marido) e fomos ver mundos diferentes do nosso.
Após dezoito horas e meia de viagem dentro de monstros voadores de dois andares, aterrámos em Singapura, que, apesar do cansaço que sentíamos, teimava em provar-nos, com o sol a pique, que o dia ia apenas a meio. Rendemo-nos às evidências e, depois de um mergulho na piscina do hotel, enfrentámos as ruas cheios de entusiasmo, ignorando as temperaturas próximas dos 40ºC e o ar abafado, que custava respirar.
Percorremos a cidade de ponta a ponta; visitámos mercados, templos e catedrais; assistimos ao famoso espetáculo de luzes do Marina Bay Sands Hotel; comemos como se não houvesse amanhã em restaurantes pouco turísticos, que nos serviam pratos locais deliciosos; convivemos de [demasiado] perto com animais selvagens, no Night Safari; explorámos os deslumbrantes Gardens by the Bay; vimos o pôr-do-sol sentados no Marina Barrage Green Roof; e ainda tivemos tempo para subir ao Marina Bay Sands, para uma vista panorâmica da cidade. Aproveitámos ao máximo os nossos dias por lá e, mesmo assim, sentimos que éramos capazes de ficar mais uma eternidade; quem sabe, de viver ali?!
Singapura é uma cidade extremamente limpa, cheia de vida, de cor, de sons diferentes e de aromas de frutas, especiarias e cozinhados que nos deixam com água na boca, de manhã até à noite. É uma cidade com toda a magia e as paisagens asiáticas, mas que adota um estilo de vida ocidentalizado, tornando-se, por isso, singular.
Tudo, em Singapura, é grandioso: os edifícios gigantescos, os jardins, os templos, as pontes e até os transportes públicos... tudo nos deixou boquiabertos e apaixonados.

De Singapura, fizemos uma pequena viagem até Kuala Lumpur, onde ficámos um par de dias. Bastante mais sujo e mais pobre do que Singapura, não deixa no entanto de ter os seus encantos, surpreendendo pela oferta turística.
Espreitámos as Petronas Twin Towers mal chegámos, mas preferimos subir à Torre de Kuala Lumpur, que tem uma vista fantástica sobre a cidade. Visitámos a Mesquita Nacional da Malásia, o jardim de esculturas, o Monumento Nacional e ainda fomos conhecer todos os amiguinhos com asas que habitam o KL Bird Park, o maior parque de aves do mundo, com 8,5 hectares, coberto por uma rede suspensa gigante, dentro da qual todos os pássaros voam "livremente".
Durante o tempo que passámos na Malásia, percorremos ainda o mercado central, a China Town e espreitámos as Batu Caves, no último dia. Depois recolhemos ao hotel para nos repousarmos, antes da viagem matinal do dia seguinte, que nos levou até Phuket.

Uma vez em Phuket, enfiámo-nos num barco que nos levou até às ilhas Phi Phi, onde passámos uma semana absolutamente relaxante, no Outrigger Resort and Spa. Quando se procura um destino paradisíaco, estas ilhas são, sem dúvida, o lugar a visitar! Praias privadas de areia branca, mar com pouquíssima ondulação a perder de vista, falésias que rodeiam a ilha e os famosos barquinhos longtail atracados pertíssimo da areia, a dar o toque final à fotografia.
Quando chegou a hora de partir, senti como se me estivessem a arrancar a uma parte do mundo que era minha por direito; mas a chuva que chegou nesse dia acabou por convencer-me de que tinha chegado o momento de pisar outras terras.


Assim sendo, abalámos e fomos colocar o pionés em Bangkok. Logo pela manhã, fomos brindados pelos ares do rio, ao apanhar o transporte público. É verdade: existe uma linha de transporte que é feita de barco e devo dizer que, além de ser muito agradável, funciona bastante bem! O maior risco poderá ser uma forte dor de cabeça causada pelos contínuos assobios dos funcionários, que dão os sinais de paragem e de partida do barco. Mas, de uma forma geral, é simplesmente engraçado.
Fomos diretos à estação de Tha Chang e entrámos no fascinante Grande Palácio Real, onde encontrámos o Emerald Budha. Toda a extensão do monumento, onde se misturam templos, pavilhões dourados, jardins e enormes pátios é de uma grandeza surpreendente. Do palácio, caminhámos até ao Wat Phra Chetuphon, para visitarmos o colossal Reclining Budha e os restantes templos que o rodeiam. Aí, aproveitámos para fazer uma relaxante massagem tailandesa, que nos restaurou o corpo para todas as caminhadas do dia.

Em Bangkok, esperavam-nos ainda o Wat Arun; a Golden Mountain; o Monumento da Democracia; a casa-museu do senhor da seda, Jim Thompson; o Wat Traimit, templo do Buddha dourado; o Templo de Mármore; e o magnífico complexo da residência oficial da família real, os palácios Vimanmek e Amanta Samakhom, que nada ficam a dever a alguns dos mais belos palácios que temos pela nossa Europa.
O tempo na Tailândia chegou ainda para visitarmos o Damnoensaduak Floating Market, em Ratchaburi. Os mercados nas bermas de rios são um conceito antigo na Tailândia, onde até as portas principais das casas são viradas para o rio, que, em tempos, as pessoas usavam mais do que as estradas para se deslocarem. Apesar de hoje Damnoensaduak estar totalmente voltado para o turismo, não deixa de ser interessante chegar ao mercado de barco e viver por algumas horas aquele ambiente.
Deixámos Bangkok, onde as pessoas não esgotam os sorrisos, ao fim de três dias e com o espírito preenchido. A beleza da cidade deixou-nos encantados e até os cheiros demasiado intensos das ruas, que se entranham na pele, o trânsito caótico e os motoristas de Tuc-Tuc pouco honestos parecem fazer sentido na bizarra harmonia que envolve a cidade.


A última paragem da nossa viagem foi o Dubai, onde o calor que tínhamos experimentado nos restantes países nos pareceu brincadeira de crianças. Não só as temperaturas ultrapassavam largamente os 40ºC, como, em pleno Ramadão, fomos "aconselhados" a andar bem tapadinhos, para evitarmos ofender os habitantes locais.
Foi, portanto, com roupas não ofensivas que visitámos as principais atrações locais: o Dubai Mall, com o seu aquário de quatro andares, a Burj Khalifa, o Mall of the Emirates, que alberga inacreditavelmente uma pista de esqui, o hotel Burj Al Arab, o mercado Madinat, o velho mercado de têxteis e o forte de Al Fahidi. Sofremos bastante com o calor, mas valeram-nos as paragens de autocarro com ar condicionado (sim, é verdade!), para descansarmos e recuperarmos as forças.
Feito o balanço, é verdade que as construções são impressionantes, sobretudo quando se pensa que tudo no Dubai foi criado do nada; é verdade também que tudo é feito em grande escala; mas não é menos verdade que se nota que é um lugar sem história e que se fica com a sensação de que falta alguma coisa, a enquadrar os grandes edifícios que aparecem repetidamente nas fotografias que todos conhecemos.

Ao fim de três semanas, aterrámos em Lisboa, onde nos esperavam amigos muito especiais. Passámos com eles um dia reconfortante, em família: passeámos por Cascais, comemos gelados na Santini (que saudades dos gelados da Santini!), assistimos aos ensaios da Red Bull Air Race (ou da outra coisa qualquer que lhe chamam, para disfarçar o facto de a terem levado do Porto para Lisboa), relaxámos no simpático bar House of Wonders, jantámos num restaurante italiano bastante bom... e dissemos-lhes mais uma vez adeus, com o coração apertado, antes de voltarmos a casa e recuperarmos a nossa pequena felina.

Sim, às vezes é preciso abandonar Paris para podermos chegar a sentir saudades dela. Agora que o fizemos e que voltámos da nossa viagem de sonho, é hora de pôr mãos à obra e de regressar à realidade.

Bonjour Paris... :)

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