terça-feira, 15 de julho de 2014

Le 14 juillet à Paris

A 14 de julho celebra-se anualmente, em França, a Festa Nacional. É uma festa em honra do grande acontecimento da Tomada da Bastilha, em 1789, que esteve na origem da Revolução Francesa e que marca o final da monarquia absoluta no país. Este ano, o dia serviu também para dar início às comemorações do centenário da I Guerra Mundial.

O 14 juillet começa invariavelmente cedo: um mar de gente enfia-se em transportes públicos lotados desde a aurora, a fim de arranjar um lugar privilegiado nos Champs-Élysées para ver desfilar a armada francesa.
Às 10h, o Presidente da República chega à rotunda do Arco do Triunfo e começa aí a sua revisão dos diferentes corpos das forças armadas (que são, passo a expressão, mais do que as mãezinhas que os trouxeram ao mundo!), descendo de seguida ao longo dos Champs Élysées, antes de ir instalar-se na sua tribuna da Concorde, onde o esperam todos os convidados para a ocasião.
Este ano, com o nosso popularíssimo François Hollande, o momento da descida dos Champs-Élysées tornou-se simplesmente ridículo: enquanto o povo francês o vaiava descaradamente, o Sr. Presidente continuava a acenar com um sorriso ligeiramente forçado e, chegado à Place de la Concorde, foi refugiar-se no meio dos seus convidados, com o sorriso desfeito e um ar de quem não gostou do que comeu. Para completar o cenário, a polícia procedeu à interpelação de vários vaiadores, o que me parece lógico, sendo a França um país livre, em que se preserva religiosamente o direito à liberdade de expressão...
François Hollande à parte, os assobios cessaram no momento em que ele se recolheu na tribuna, para darem lugar a aplausos ininterruptos a toda a armada francesa. O lugar de honra pertenceu, como sempre, à defesa aérea, que desfilou largando o fumo azul, branco e vermelho; seguiram-se as tropas a pé, os helicópteros, as tropas motorizadas e, por fim, as tropas a cavalo. Além da armada francesa, desfilaram ainda representantes das forças armadas de 68 países, entre eles Portugal.
O desfile deu-se por terminado às 12h e as pessoas começaram a dipersar, tirando fotografias com os militares que iam cruzando a caminho de casa.

Nós visitámos, ao início da tarde no Jardin des Tuileries, uma reconstituição de várias tropas da época da I Guerra Mundial e depois subimos os Champs-Élysées, sem trânsito e já sem a multidão dessa manhã, aproveitando para tirar uma fotografia de família para a posteridade. Foi precisamente num jardim da mais bela avenida parisiense que nos sentámos e fizemos um piquenique, acompanhados pelos tios e primos do meu marido.
Fomos ficando por ali, a aproveitar o bom tempo e, quando começou a aproximar-se a hora do concerto na Torre Eiffel e do fogo de artifício, caminhámos até ao Champ de Mars, onde encontrámos um lugar para nos estendermos. É verdadeiramente impressionante, a multidão que se junta em Paris para este acontecimento! Quando chegaram as 21h30m, não havia um único metro quadrado vazio em todo o Champ de Mars.

Depois de um concerto de música clássica de extrema qualidade, era hora do fogo de artifício. Por esta altura, todas as pessoas (incluindo nós) que, até aí, estavam confortavelmente sentadas ao longo do jardim, foram forçadas a levantar-se, já que o Champ de Mars foi invadido por mais um mar de gente, que reivindicava um cantinho para assistir ao espetáculo.

Às 23h em ponto, o fogo de artifício chegou para impressionar a multidão. Pela primeira vez desde 2002, o fogo foi lançado a partir da Torre Eiffel, dando origem a um espetáculo fenomenal, com direito a música, combinações de luzes extraordinárias e até dois trapezistas, que treparam a torre com luzes brancas à volta do seu corpo. Foi verdadeiramente indescritível! Felizmente, o meu marido lembrou-se de filmar, porque este é um daqueles casos em que as imagens são mais úteis do que as palavras...




Terminado o fogo de artifício oficial do 14 juillet 2014, a multidão dispersou, em busca dos transportes públicos para regressar a casa. Seria de esperar que, num dia como este, os transportes funcionassem até uma hora tardia... mas não: nós (e muitas outras pessoas) chegámos à estação pouco depois do fogo e foi com algum espanto que ouvimos o segurança de serviço informar que o último comboio já tinha partido. Olhámos à nossa volta e não encontrámos nem táxis, nem autocarros. Assim sendo, o remédio que tivemos foi iniciar uma caminhada até a casa e descobrir que o caminho que se faz normalmente em 10 minutos, de carro ou de transporte público, leva 1h20m a percorrer a pé.
Verdade seja dita, se o dia seguinte não fosse de trabalho, teria sido uma caminhada bastante agradável para se fazer ao longo do rio!

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