sábado, 8 de agosto de 2015

Le Perchoir

No regresso das férias, urge a vontade de reencontrar aqueles que são agora parte da minha vida aqui em Paris.

Esta semana fui convidada por uma das minhas colegas de trabalho a encontrar-me com ela no Perchoir, no 11ème arrondissement.

Não conhecia o local, por isso ela esperou por mim à porta. Tinha-lhe dito que não era necessário, que podíamos encontrar-nos no interior, mas ela insistiu. Quando avistei a entrada, compreendi porquê: é um edifício antiquíssimo, em restauro, sem qualquer painel que deixe adivinhar que no seu interior se esconde um bar.

Ela pareceu divertida com o meu espanto. Entrámos num elevador que não inspirava a mínima confiança e subimos até ao 7.º andar. Ao abandonar o elevador, senti-me num daqueles filmes em que há uma máquina que transporta as personagens para uma realidade completamente diferente daquela em que se encontravam segundos antes. O Perchoir ergue-se sobre os telhados de Paris, oferecendo uma vista privilegiada da cidade, deixando adivinhar na paisagem o Sacré Cœur e a Igreja de Notre Dame de la Croix.

Além da vista, o Perchoir oferece um ambiente descontraído ao som de bom jazz, com bancos corridos que convidam ao relaxamento. Os funcionários, de uma simpatia excecional para o contexto parisiense, fazem cocktails deliciosos, que dão o toque final ao ambiente.

Nós passámos a tarde por lá, com os nossos cocktails, a contar histórias de férias e a fazer vagos planos para o ano letivo que se avizinha.

É curioso como nunca tive o hábito de fazer planos com colegas de trabalho, apesar de ter guardado boas amizades com as pessoas com quem trabalhei em Portugal. De algum modo, na minha cabeça, estavam bem delineados os limites entre o trabalho e o resto da minha vida. Aqui, no entanto, algumas das pessoas com quem mais convivo nos tempos livres trabalham comigo. Penso que a emigração muda (entre muitas outras coisas) os pré-conceitos que nos impomos quando nos encontramos no conforto da nossa vida de sempre. E ainda bem!

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