quarta-feira, 17 de junho de 2015

Copenhagen with love

Mais uma vez, fomos de mala aviada festejar uma data especial: o nosso aniversário de casamento.

Entre as várias cidades que constam do nosso "To Visit Map", foi Copenhaga que escolhemos para esta data especial  em parte, por ser referida por várias entidades como um dos destinos mais românticos na Europa. Desenganem-se: não há nada de particularmente romântico em Copenhaga, é importante dizê-lo. Mas, na verdade, qualquer lugar pode tornar-se romântico a dois.

Chegámos à noitinha na sexta-feira e, desde logo, o ambiente cativou-nos: Copenhaga é uma cidade onde seniores e jovens se misturam na rua, seja num passeio a pé ou de bicicleta, seja em frente a um copo de vinho num bar ou simplesmente à conversa, num banco de jardim. Imagino que tal não aconteça tão frequentemente no Inverno, assim como imagino que este é provavelmente um fenómeno que se deve ao facto de as pessoas terem vontade de aproveitar o bom tempo, mal ele chega e antes que volte a partir.

No sábado de manhã saímos do nosso hotel, em Nørrebro, em direção ao Castelo de Rosenborg  a pé, claro; é possível visitar toda a cidade a pé, já que as distâncias são relativamente curtas.
No interior do castelo, começámos a curar a nossa ignorância sobre a família real dinamarquesa; mas foi no Museu de Amelienborg (a residência oficial da rainha) que aprofundámos os nossos conhecimentos sobre o assunto: descobrimos, por exemplo, que as famílias reais britânica, espanhola, norueguesa ou espanhola são suas descendentes, sendo o trisavô da atual rainha denominado como "o sogro da Europa", por ter casado os seus seis filhos com herdeiros de vários tronos europeus.
Descobrimos também que, na Dinamarca, todos os reis adotam obrigatoriamente o nome Christian ou Frederik e que o pai da Rainha Margrethe alterou a lei de sucessão dinamarquesa em 1953, para que a mais velha das suas três filhas pudesse ser a herdeira oficial do trono  até então, as mulheres não podiam assumir o trono dinamarquês.

Depois de completa a visita do museu e de termos passado pela Igreja de Mármore (Frederiks Kirk em dinamarquês), em frente do palácio real, atravessámos os jardins do Kastellet e fomos fazer a incontornável visita à estátua da Pequena Sereia. Esculpida por Edvard Eriksen, esta obra de arte é baseada no conto de fadas do escritor dinamarquês Hans Christian Andersen, que data de 1836. A escultura foi colocada sobre uma rocha na Calçada de Langeline em 1913 e é uma das maiores atrações turísticas de Copenhaga desde então. Pessoalmente, penso que a cidade tem encantos bem mais interessantes do que este; mas é um 'must see' uma vez que se está por lá.

À noite, antes de recolhermos ao hotel, espreitámos a Operaen (Casa de Ópera de Copanhaga), vimos passar um dos monumentais barcos reais e depois percorremos o Nyhavn (Porto Novo em português), uma zona de bares e restaurantes, bastante popular entre os locais.

No dia seguinte, corremos de regresso ao palácio para ver o render da guarda. Esperávamos um aparato algo semelhante ao inglês, mas encontrámo-nos face a um pequeno grupo de miúdos pouco coordenados e nada compenetrados na sua tarefa. Bem, sejamos justos: não é fácil atingir o grau de impenetrabilidade de um guarda real britânico.

O nosso passeio pelo centro da cidade levou-nos até à Vor Frue Kirk (Catedral de Nossa Senhora) e depois até à Round Tower, que se escala através de uma rampa interior circular. No topo encontra-se o observatório astronómico mais antigo da Europa, utilizado pela Universidade de Copenhaga até 1861. É também no topo que se pode desfrutar de uma bela vista do centro da cidade.
No último dia, estava ainda por visitar o Christianborg (Palácio de Christian), que hoje em dia é o único edifício no mundo que alberga simultaneamente os poderes legislativo, judiciário e executivo. Foi aí que começámos o nosso dia.

Depois dirigimo-nos a Christianshavn, onde visitámos a Vor Frelsers Kirke (Igreja do Nosso Salvador), conhecida pelos seus 400 degraus, que dão acesso à torre negra e dourada, assim como pelo seu carrilhão, que data de 1928. Esta construção é realmente admirável. A igreja apresenta um altar lindíssimo, em tons de azul, branco e dourado – encarando-o de frente, elevado à altura do teto, ergue-se o magnífico órgão, marcado com o monograma dourado de Christian V. Ficámos alguns longos minutos a admirar o interior da igreja, envolvidos pela música que tocava o órgão, até nos decidirmos a iniciar a nossa caminhada vertical.
Os lanços de degraus que levam à torre, algo labirínticos e de difícil escalada, trouxeram-me à memória os Jogos sem Fronteiras. Enquanto os subíamos, bateram as cinco horas e o carrilhão da torre começou a tocar – uma experiência um pouco ensurdecedora, mas sobretudo divertida. Enfim, chegámos ao exterior, onde ainda nos faltavam 150 degraus em caracol; mas a vista (considerada a melhor em Copenhaga) fez-nos esquecer o esforço físico. Ao contrário do que poderia julgar-se, não existe no topo da torre um patamar de onde se possa admirar uma vista a 360º – no alto da torre, os degraus vão-se tornando cada vez mais estreitos, até que deixa de ser possível subi-los e é nesse momento que nos apercebemos de que a enorme escadaria não dá acesso a nada, a não ser à magnífica vista da cidade [e de uma pontinha da Suécia] que se foi apreciando ao longo da subida.

Depois de descermos os mesmos degraus, fomos visitar o Fristaden Christiania (Cidade Livre de Christiania), onde as pessoas parecem viver perdidas numa dimensão particular. Esta é uma zona autónoma de Copenhaga, que tem as suas próprias leis – os turistas, por exemplo, não são autorizados a utilizar a sua máquina fotográfica nesta zona e a venda e consumo de drogas leves estão legalizados. É uma comunidade que teve uma estreita ligação com o movimento hippie nos anos 70 e cujos habitantes parecem, nos dias de hoje, viver ainda nessa época.

O tempo em Copenhaga chegou ainda para darmos uma espreitadela ao Ny Carlsberg Glypotek, museu de arte criado a partir da coleção de arte do filho do criador da cerveja Carlsberg e ao Tivoli Gardens, o segundo parque de atrações mais antigo da Europa, aberto ao público em 1843.

Depois era hora de regressar ao aeroporto e a Paris, com a alma cheia de Copenhaga.

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