quarta-feira, 3 de junho de 2015

Le Roi Arthus

Ontem foi dia de irmos ver o nosso cantor em ação, na Ópera da Bastilha. O Roi Arthus entrou em cena no dia 16 de Maio, sob encenação de Graham Vick.

O encenador inglês reuniu junto de si grandes estrelas como Thomas Hampson, Sophie Koch e Roberto Alagna, para dar corpo a uma intepretação algo excêntrica desta ópera de Ernest Chausson.

O cenário choca desde o levantar da cortina, apresentando-se minimalista e surpreendentemente contemporâneo. Pouco mais existe em cena do que um sofá e duas paredes em madeira, erguidas em palco, após o início do espetáculo. A távola redonda é representada por um círculo de espadas enterradas no chão, unidas por uma corda de madeira e que cercam a casa do Rei Artur.
Os cavaleiros, por sua vez, são os próprios construtores e apresentam-se vestidos como se estivessem efetivamente numa obra em construção.


Estas escolhas de Graham Vick foram altamente contestadas pela crítica parisiense, que reclamou um melhor tratamento visual da obra de Ernest Chausson e acusou o encenador de transformar o drama em algo corriqueiro, saído de uma loja Ikea ou Lapeyre.

Bom, a nós, leigos na matéria, claro está, não nos pareceu assim tão mau. Ultrapassado o choque inicial, compreende-se a intenção de Vick de desconstruir o mito, minimizando os adereços para focar a atenção no drama da ação. E, na minha modesta opinião, há momentos de génio na visão do estrangeiro que veio, na opinião de muitos, assassinar a obra de Chausson: a altura em que os cavaleiros cantam "combateremos com estas armaduras brancas" e erguem no ar livros de capa branca ou o decompor do cenário, que vai ardendo a cada ato, ao vivo, reduzindo-se no final a pouco mais do que cinzas, são realmente notáveis.


No final do que, para nós, foi um bom espetáculo, lá fomos esperar a nossa estrela (menos brilhante ainda do que o Thomas Hampson, certo; mas muito mais importante para nós) à porta dos artistas e regressámos juntos a casa.

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