quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Estreia na Ópera Garnier

Esta semana temos tido cá connosco a minha maior amiga; a tal que é cantora; a tal que está na minha história desde que me lembro; a tal que faz surpresas e vem a Paris por alturas do meu aniversário. Chegou na segunda-feira e tem estado a fazer-nos companhia e a trazer-nos um pouco do conforto amigo que tanta falta nos faz.

Na verdade, era suposto termos ido passar esta semana a Portugal, mas a nossa ida foi adiada por motivos profissionais e a maior vantagem deste adiamento foi, sem dúvida, podermos recebê-la; até porque, coincidentemente, chegaram-nos a ambas pequenos dissabores durante estes dias e, como sempre, qualquer situação se torna de mais fácil resolução quando estamos juntas. De algum modo, ela tem a capacidade permanente de me renovar as forças e me dar ânimo para continuar.

Durante a semana, tivemos a notícia de que um amigo dela, cantor da Ópera da Bastilha, tinha convites para irmos assistir à ante-estreia da Alcina, uma ópera a estrear no Palais Garnier. Ficámos radiantes, sobretudo porque comprámos recentemente bilhetes para vários espetáculos e este era um dos que queríamos ver, mas cujos lugares esgotaram num ápice.

Numa correria, depois de um dia de trabalho, lá nos esforçámos por alcançar o Palais Garnier a horas de ainda encontrarmos um bom lugar, já que nestas situações não existem lugares marcados.
Quando chegámos à estação de metro Opéra, faltavam apenas 20 minutos para começar o espetáculo... e lá tivemos de abdicar da ideia dos bons lugares! Mas, apesar de no último andar, os nossos lugares permitiram-nos assistir com razoável conforto a todo o espetáculo, absolutamente fascinante!

Disseram-nos os artistas entendidos na matéria que a ópera em questão era lindíssima, mas 'um calhau', expressão que utilizam para definir um espetáculo de difícil execução e que raramente se destina às massas, por ser igualmente difícil de assistir. Mas, 'calhau' ou não, esta Alcina, que conta com artistas talentosos, maravilhou-nos!
O papel da feiticeira que seduz guerreiros e os transforma em animais, fontes ou pedras quando deles se cansa é admiravelmente interpretado pela cantora grega Myrtò Papatanasiu. Além desta, destaca-se nitidamente Sandrine Piau, que interpreta uma Morgana espirituosa, trazendo um pouco de humor à densa história de diversos amores e desamores, que se entrelaçam entre si. Em última análise, a ópera em três atos Alcina põe em evidência a fraqueza dos corações humanos perante a sedução e o sentimento amoroso, irrepreensivelmente retratados pelos artistas em palco no Palais Garnier.
 
Foi a nossa estreia na Opéra Garnier e não podíamos ter gostado mais! Como forma de agradecimento, convidámos as pessoas que nos proporcionaram esta noite a jantar cá em casa e, como resultado, tivemos um serão fantástico, à conversa com os nossos artistas que um dia veremos também no Palais Garnier.

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