segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Despedidas (iii)

Paris é uma cidade onde se sonha viver um dia, mas onde poucos decidem fixar-se. Assim sendo, a cidade tem-me trazido repetidamente o sabor amargo da despedida.


Desde que aqui cheguei, fui conhecendo pessoas que se tornaram parte de mim e do meu dia-a-dia e que escolhi assumir como certas, independentemente de ter noção de que o tempo as levará para longe de mim, mais tarde ou mais cedo, porque o nosso lugar não é aqui.

Hoje foi o dia de me despedir da 'Multifacetada Russa' e foi uma despedida um pouco dolorosa. Encontrei-me sentada em frente a ela, na Crêperie Suzette, num almoço organizado para se dizerem os "adeuses até não se sabe bem quando" e não fui capaz de lhe dizer nada do que me ia no coração. Ouvi-a falar da mudança, de voltar um dia para nos visitar, do dia em que nós visitaremos Moscovo, de tudo e de nada; rimos e brincamos com a situação, como se a partida dela não fosse real e na próxima semana fôssemos estar de novo à mesa de um outro qualquer café de Paris.

Mas isso não vai acontecer. Eu e a 'Guria de Porto Alegre' continuaremos a nossa pequena tradição semanal, mas vão faltar-nos o sorriso invariável, a voz serena que trazia sempre uma palavra de alento, as opiniões ponderadas e a gargalhada singular.

Apesar disso, sei que ela regressa a tudo o que lhe pertence e lhe faz bem. Por isso, independentemente das saudades com que ela me deixa em Paris, sei que Moscovo vai devolver-lhe o que mais lhe faz falta. E isso deixa-me feliz!



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