quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Onéguine

Embalados pelo gosto pelo ballet, ontem voltámos ao Palais Garnier, para assistir a Onéguine, uma adaptação de uma ópera de Tchaïkovsky.


Desta vez, não estávamos bem informados quanto à história que deu origem à peça, o que fez com que nos dirigíssemos para o local do espetáculo com o coração aberto e a curiosidade mais aguçada. E descobrimos que, precisamente por esta ser para nós uma história menos familiar, acabámos por apreciar o espetáculo mais livremente, sem pré-conceitos, podendo dar azo às nossas próprias interpretações; além de se ter tornado mais evidente para nós a capacidade de um bailarino transmitir apenas através de movimentos e expressões tanta informação e tantos sentimentos.

Onéguine agradou-nos desde os primeiros minutos, quando ainda tudo se focava no noivado entre Olga, irmã mais nova da família Larine, e Lensky. Mas quando a tímida irmã mais velha Tatiana, que passou inicialmente quase despercebida, declara o seu amor a Onéguine através de uma carta e sonha com ele ao deitar-se, ficámos totalmente conquistados. A dança entre os dois, no sonho de Tatiana, é qualquer coisa de excecional! Os movimentos coreografados por John Cranko para esta cena são de extrema complexidade, mas, de algum modo, são combinados pelos bailarinos Evan McKie e Isabelle Ciaravola de forma perfeitamente harmoniosa com a delicadeza que se espera de uma dança romântica.


Na verdade, o par de bailarinos continua a surpreender até ao final da peça, na sua interpretação deste casal obscuro, que se desencontra repetidamente. Ambos dão vida, de forma impecável, aos sentimentos de Onéguine e Tatiana de amor, orgulho, rejeição, angústia e eterno arrependimento, evoluindo ambos de forma claríssima, ao longo da peça, em sentidos inversos.


No final, Isabelle Ciaravola abandona a insegura e retraída Tatiana do Ato I, apresentando no Ato III uma mulher firme e fiel aos seus princípios, enquanto Evan McKie dá expressão a um Onéguine destituído do cinismo e da indiferença iniciais, que suplica o amor de Tatiana, já casada, contudo, com o príncipe Grémine.
A última dança entre os dois revela nitidamente a espiral de sentimentos que estabelece a sua separação definitiva: o amor, a rejeição, a raiva e, finalmente, a resignação.

Onéguine proporcionou-nos mais um serão fantástico no Palais Garnier, daqueles que nos fazem passar a semana a sorrir e que vão com certeza ficar na memória!

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