Não sei bem porquê, os presentes materiais nunca me satisfizeram inteiramente. Claro que gosto de receber um miminho aqui e ali, mas não é algo de que necessite ou que determine o meu grau de felicidade. Uma vez que somos dois assim cá em casa, quando toca a presentes, temos o hábito de optar por algo que nos fique na memória: uma escapadinha romântica, uma viagem ou um espetáculo que ambos queiramos muito ver.
Este Natal, o presente que ofereci ao meu marido foi uma viagem a Praga. Chegámos à cidade na quinta-feira à noite, ainda a horas de dar um pequeno passeio e de jantar confortavelmente num simpático restaurante central.
Na Praça Central da Cidade Velha, encontrámos o famoso relógio, que agracia os turistas com a bênção dos apóstolos à hora certa – o acontecimento não é realmente nada de extraordinário, mas, a cada hora, a praça enche-se de pessoas com telemóveis e câmaras de filmar em punho, prontas a registar o momento. Verdade seja dita, nós também o fizemos, achando que encontraríamos algo mais espetacular; mas penso que sentimos a mesma desilusão que todas as outras pessoas que se encontravam na praça, a julgar pelo "Ooohhh!" coletivo que se ouviu, quando os apóstolos se recolheram.
Ao fim do dia, sentíamo-nos realmente rendidos aos encantos de Praga; sobretudo à sua arquitetura imponente e uniformemente planeada, como se nenhum pequeno pormenor pudesse fugir à ordem estipulada.
A noite foi reservada a um jantar romântico de S. Valentim. Uma amiga checa do meu marido, que ele conheceu quando fez o seu ano de Erasmus na Lituânia, reservou-nos uma mesa no U Modré Kachnicky II, um restaurante com um ambiente vintage, cujo nome significa algo como "O Pato Azul".
Fomos extremamente bem recebidos, numa cena quase digna de um filme do James Bond. O empregado recebeu-nos com um: "OH, Mr. C.! We've been expecting you, Mr. C."; e ao passar pelo colega que estava no bar, advertiu-o que o Mr. C. tinha chegado, o que fez o segundo deslocar-se propositadamente para nos cumprimentar. Entreolhámo-nos, sem compreendermos, mas divertidos com a situação.
Enquanto nos guiava até ao segundo andar, o funcionário que nos recebeu ia dizendo aos colegas com quem se cruzava: "It's Mr. C." ou "Mr. C. is here!" e os outros iam sorrindo calorosamente e desejando um bom jantar. Ao entregar-nos ao colega que nos acompanhou o resto da noite, pousou a mão no ombro do meu marido, sussurrando com ar cúmplice: "We've prepared everything for you, Mr. C."
Agradecemos e rimo-nos da situação, enquanto seguíamos o outro funcionário, que nos encaminhou com um largo sorriso até à nossa mesa, num cantinho resguardado do segundo andar.
Para terminar a noite, passeámos ao longo do rio, um pouco sem destino, apenas a aproveitar os ares românticos de Praga pelo S. Valentim.
O dia seguinte foi passado entre amigos: por coincidência, umas das minhas maiores amigas e o marido decidiram passar o S. Valentim na mesma cidade que nós. Marcámos encontro no sábado para um passeio matinal e alguma conversa, antes de os deixarmos para almoçarmos com a tal amiga do meu marido, com quem passámos a tarde toda à conversa, com tempo para ambos se atualizarem quanto às novidades um do outro.
Depois despedimo-nos e regressámos ao hotel, para uma noite de descanso antes do último dia em Praga, que reservámos para a visita da parte alta da cidade.
Saímos do hotel em direção ao castelo, passando pela Igreja de S. Nicolau de Malá Strana. Percorremos a Loretánská até à Loreta de Praga e seguimos até ao Mosteiro de Strahov e seus jardins, de onde tivemos uma vista fantástica sobre a cidade de Praga, o rio Vitrava e o próprio castelo, onde ainda tivemos tempo de entrar para fazer a visita mais curta, que incluiu a Catedral de S. Vitus, o Palácio Real, a Basílica de S. George, a Golden Lane e a Torre Daliborka.
Regressámos a casa com energias renovadas e apaixonados por Praga! Recomendamos vivamente um S. Valentim por lá!

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