Quando mudamos de país, não sabemos quem nem o que vamos encontrar. Todo o futuro se resume a um enorme ponto de interrogação; a um caderno de páginas brancas, que devemos preencher, mas ainda não sabemos bem como.
É difícil chegar a um lugar onde tudo nos é estranho e onde não temos um abraço amigo à nossa espera. Durante as primeiras semanas em Paris, fui-me convencendo de que seria realmente difícil criar laços, numa idade em que já toda a gente tem os seus bastante delineados.
Depois conheci a 'Guria de Porto Alegre'. Sorriso aberto no rosto, ar trocista e descontraído, sentido de humor bem apurado. Era apenas mais uma pessoa simpática, entre um grupo de estrangeiros que se esforça por aprender a língua francesa e integrar-se numa sociedade demasiado fechada.
Mas houve um dia em que nos juntámos para almoçar, depois de mais uma sessão de curso de francês, e começámos a compreender que tínhamos bastante mais em comum do que imaginávamos. Descobrimos que temos a capacidade de falar de tudo e de nada, durante horas, como os velhos amigos.
Hoje almoçámos falafel, com o casal de brasileiros, e depois sentámo-nos as duas, lado a lado, a conversar na Square René Viviani, com a Notre-Dame como pano de fundo. Perdi a noção das horas, entre histórias de Portugal e do Brasil. E voltei a casa com a sensação de que, afinal, é possível que Paris ainda me reserve muitas surpresas boas, como esta :)
Adorei! bju Michele
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