quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Surpresas...

Ontem acordei um pouco nostálgica, talvez por já não estarem cá os meus pais e por já não haver planos a cumprir, nem família à minha volta para percorrer as ruas de Paris.

Comecei o dia, como acontece quase sempre, à conversa com a minha maior amiga, aquela que esteve comigo em todos os momentos de altos e baixos e que fez parte da minha vida quase desde que tenho memória.
É difícil falar de amizade como sendo isto ou aquilo; por isso, normalmente, limito-me a pensar que a amizade, no seu estado mais puro, é isto que temos, desde sempre: é apoiarmo-nos sempre mutuamente, sem questionar, julgar, ou comentar; é não precisarmos de palavras para nos compreendermos; é sentirmo-nos reconfortadas, apenas com o som da voz uma da outra; é não cobrarmos a distância que a vida às vezes nos impõe; é vivermos as alegrias e as mágoas uma da outra, como se fossem nossas, em lágrimas genuínas de emoção, orgulho, felicidade ou tristeza; é termos o bem-estar uma da outra como prioridade e fazer tudo o que está ao nosso alcance para o manter. É isto e muito mais... mas não é possível descrever tantos anos de amizade e companheirismo!

Ontem, ela disse-me que me tinha enviado o meu presente de aniversário por um amigo que trabalha na Ópera da Bastilha e pediu-me que me encontrasse com ele lá, hoje, ao início da tarde. Nada de estranho: conheço o amigo em questão e querer que eu tenha um mimo dela no meu aniversário, mesmo à distância, é a cara dela. Dizia-me ontem que não era nada de especial, mas que era um "miminho guloso" e que, por isso, tinha medo que se estragasse: o encontro tinha mesmo de ser hoje!

Dei imensas voltas à minha cabeça, a pensar qual seria a gulodice de que eu podia gostar assim tanto, para ela decidir oferecer-ma como presente de aniversário. E lá fui a pensar nisso, a caminho da Bastilha, para o encontro com o amigo dela.
Já não o via há mais de dois anos e foi engraçado reencontrá-lo, com um ar mais adulto e profissional, cantor na Ópera da Bastilha. Pusemos rapidamente um pouco de conversa em dia, enquanto nos dirigíamos para o interior do edifício, onde estava o meu presente.
Ao entrar na porta dos artistas, ele apontou para o lado direito e disse: "Olha ali a tua prenda."
E lá estava ela, a prenda, que não era uma guloseima, mas a minha amiga em pessoa. E eu fiquei parada, a olhar para ela, a perguntar-me ainda se era mesmo verdade, enquanto me caíam umas lágrimas embaraçosas pelas bochechas. Acho que só acreditei quando me abraçou!

E, enquanto nos abraçávamos, pensei que amizade é exatamente isto!

4 comentários:

  1. E agora caem lágrimas nas minhas bochechas...
    Amei as suas palavras. Como é bom ler alguém dizer o que sentimos, mas de maneira tão, tão bem escrita!
    Parabéns pelo aniversário, pelo blog e pela amiga.
    Beijos, Tanize.

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  2. és uma lamechonas... mas eu sei que são surpresas assim que nos aquecem o coração :)

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