segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Lugar ao Sol

Regressei a Paris, depois de uma semana de sol, abraços amigos e mimos familiares.

Penso que se percebe que as pessoas ainda são nossas, quando elas mobilizam os seus dias, entre os imensos compromissos, para tentarem passar connosco alguns minutos, por poucos que sejam. É assim, pelo menos, que percebo que a minha gente ainda é minha, sempre que volto ao Porto: mesmo que nem sempre lhes consiga dar toda a atenção devida, quando estou aqui, a centenas de quilómetros de distância, eles continuam à minha espera, como se nada tivesse mudado.
E bastam uns quantos telefonemas para ter a semana preenchida com almoços ao sol, cafés (dos verdadeiros!), francesinhas, bolos com demasiadas calorias, esplanadas em frente ao mar, refeições em família e conversas intermináveis. E em todos estes momentos, vou descobrindo que a vida da minha gente segue por lá, tal como a nossa por aqui.
Há os que se preparam para mudar de casa, de cidade ou de país; há os que trocam de emprego ou simplesmente de projeto; há os que iniciam novas relações, os que começam a pensar em casamentos ou uniões de facto e ainda os que aprendem a ser pais.

Claro que há também os que perderam os empregos ou viram os seus salários reduzidos para metade, só porque, hoje em dia, parece valer tudo no nosso país.
Sim, há estes que estão perdidos no meio do sistema... e, curiosamente, estes não parecem mais abatidos do que os outros, com a situação que os rodeia. Há um sentimento geral de desânimo e falta de esperança, que não deveria ser típico de quem tem pouco menos (ou mais) de 30 anos e muita vida pela frente.

Bem... talvez seja isso mesmo: os 30 trazem a lembrança de que há uma vida a construir e o nosso país não lhes dá asas para fazê-lo; e aqueles que a construíram começam a sentir dificuldade em mantê-la. 

Mas quem está fora; quem chega e ouve todas estas novidades, percebe que o que é importante é que todos eles vão tendo a força de continuar, de pensar em novas soluções para ultrapassar as barreiras que o país lhes impõe. Todos avançam e todos parecem felizes, de uma forma ou de outra... e é fantástico voltar a todas estas pessoas, que são minhas e que mantêm os sorrisos francos do meu país, apesar de todas as dificuldades!

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